quarta-feira, 7 de outubro de 2009


E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar:

“Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!”

Ele tinha razão. A partida nos abre os olhos para o que deixamos.

A distância nos permite mensurar os espaços deixados.

Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo.

Ao ver o mundo que não é meu, eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu território.

É consequência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou.
É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.
Vida e viagens seguem as mesmas regras.

Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver.

Por isso é tão necessário partir.

Sair na direção das realidades que nos ausentam.

Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias... Hospitais, asilos, internatos...
Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar.
Andar na direção do outro é também fazer uma viagem. Mas não leve muita coisa.

Não tenha medo das ausências que sentirá. Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu.

Não leve os seus pesos.

Eles não lhe permitirão encontrar o outro.

Viaje leve, leve, bem leve.

Mas se leve.
Pe. Fabio de Melo

Um comentário:

  1. Durante muito tempo cutivei o "ficar" como a mais bela árvore da minha vida. Mas hoje não. Hoje tenho vontade de ir e vir. Descobri a lógica do contrários... ela me fez acordar pra tudo.

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